Qual é a profundidade de penetração correta de um tratamento térmico de superfície?
A escolha de um tratamento térmico depende, entre outros fatores, do tipo de material a ser tratado, da dureza necessária, da uniformidade e da profundidade de penetração do tratamento.
De um modo geral, durante um tratamento térmico de superfície, a profundidade de penetração do tratamento nas camadas superficiais dos metais situa-se entre 0,3 e 1 milímetro.
Mesmo que seja possível ir além destes valores com determinados tipos de tratamentos de superfície, a profundidade de penetração permanecerá limitada à camada superficial.
De facto, as características da peça final (dureza, resistência ao desgaste, à corrosão, à fricção, etc.) não dependem apenas da profundidade de penetração, mas também da sua uniformidade (distribuição homogénea em todas as superfícies da peça). Isto pode variar em função do tratamento termoquímico escolhido.
A escolha do tratamento é efetuada com base em vários parâmetros, incluindo:
- o tipo de material a ser tratado (tipo de liga metálica, teor de carbono do aço, presença de outros elementos de liga);
- a dureza necessária;
- a uniformidade e a profundidade de penetração do tratamento (em geral, a nitruração dá camadas mais duras, mas menos profundas do que a cementação);
- o tempo de permanência a temperatura (a cementação é mais rápida do que a nitruração);
- a forma e o tamanho das peças.
Tratamentos termoquímicos: cementação atmosférica
A cementação é um processo que visa enriquecer uma liga ferrosa (aço) com carbono, aquecendo-a a alta temperatura (900°C), numa atmosfera rica em carbono que é normalmente gerada através do craqueamento de um hidrocarboneto (por exemplo, metanol) no forno. Os átomos de carbono são então transferidos para as peças e difundem-se através da camada superficial do metal. O tratamento é seguido de uma têmpera. Uma vez concluído este trabalho, o metal é mais duro na superfície do que no núcleo. A profundidade de penetração situa-se geralmente entre 0,5 e 1 milímetro.
Tratamentos termoquímicos: nitruração
A nitruração é um processo lento (entre várias horas e um dia inteiro) que visa aumentar substancialmente a dureza superficial de um aço, aquecendo-o no forno a uma temperatura intermédia (ligeiramente acima dos 500 °C), numa atmosfera rica em átomos de azoto (N) através da decomposição do amoníaco (NH3). Estas condições favorecem a difusão de átomos de azoto nas camadas superficiais do metal onde reagem com átomos de ferro para criar nitretos. A peça metálica passa por um endurecimento uniforme da superfície com uma profundidade de penetração situada entre 0,3 e 0,5 mm e, portanto, tem uma resistência muito elevada à corrosão.
É de notar que, após um tratamento de nitruração, não é necessário a têmpera.
Em comparação com a cementação, a nitruração é um processo muito mais lento, o que significa que a camada nitrurada tem menor resistência às tensões mecânicas e menor tolerância às deformações plásticas.
Tratamentos termoquímicos: mistos N+C
Estes tratamentos são soluções mistas que combinam os dois tipos de tratamentos termoquímicos acima descritos para obter peças com melhores propriedades mecânicas e químicas e proteção contra a corrosão.
A nitrocarburação é uma alteração do processo de nitruração (isto é, a temperatura mais baixa) através da introdução de dois elementos reativos N e C de CO2 ou CH4/C3H8, uma vez que a temperatura do processo de ~500 °C não é suficiente para decompor o metanol.
O endurecimento superficial é ligeiramente inferior ao da nitruração, mas é mais rápido e pode ser aplicado a aços de menor liga e, portanto, mais baratos.
A carbonitruração é uma alteração do processo de cementação através da adição de amoníaco como elemento reativo para obter elementos N (azoto atómico). Este tratamento resulta numa maior dureza da superfície do aço e da resistência ao desgaste.
Tratamentos termoquímicos: cementação de baixa pressão + têmpera a gás de alta pressão
O processo de cementação também pode ser efetuada a baixa pressão em fornos de vácuo, utilizando acetileno para gerar uma atmosfera enriquecida em carbono.
Embora os fornos de vácuo sejam mais caros do que os fornos tradicionais, a utilização deste processo apresenta inúmeras vantagens:
- poupança de tempo significativa, pois pode ser até 75% mais rápido do que a cementação tradicional;
- resultado muito uniforme e altamente repetitivo;
- dureza ideal e uniforme em toda a peça;
- aplicável a elementos metálicos com geometria muito complexa em que os controlos de dureza superficial não são viáveis.
Além disso, a cementação a baixa pressão costuma ser seguida de uma têmpera a gás de Alta Pressão. Este processo também permite eliminar o desengorduramento e a limpeza da peça, duas etapas obrigatórias após uma têmpera com óleo.
Os especialistas da Air Liquide estão ao seu dispor para o informar sobre os tipos de gases mais adequados (acetileno, amoníaco de alta pureza e azoto) para os diferentes tratamentos termoquímicos. Se necessário, acompanhá-lo-ão na realização de todas as instalações e, em particular, para a cementação de baixa pressão e a têmpera a gás. Não hesite em contactá-los para obter mais informações.
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