Redução da pegada de carbono da indústria vidreira

Os processos de combustão na indústria vidreira utilizam amplamente o oxigénio do ar para fundir as matérias-primas a altas temperaturas. No entanto, existem outras tecnologias de combustão para produzir vidro ou cerâmicas.

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SWE_Oxycombustion_Glass_Getty

Desenvolvidas há vários anos para combater o aquecimento global e o seu impacto no ambiente, as tecnologias, que utilizam oxigénio em vez de ar, assumem um novo impulso no âmbito da transição energética e oferecem várias vantagens importantes: 

  • Redução das necessidades de combustíveis fósseis;
  • Redução das emissões atmosféricas;
  • Redução da pegada de carbono.

O azoto não é comburente nem combustível e não produz calor. A utilização do ar para fornecer oxigénio a um processo de combustão resulta na presença de azoto que não é uma fonte de energia térmica. Em vez disso, o azoto é aquecido com os gases de combustão até às temperaturas de fusão das matérias-primas, o que resulta num consumo supérfluo de energia.

Ao reduzir o volume de azoto aquecido nos fornos de fusão, o enriquecimento do ar de combustão com oxigénio limita a oxidação do azoto a alta temperatura e diminui o consumo energético. Além disso, a eficiência da combustão aumenta à medida que as temperaturas de fusão são atingidas mais rapidamente.

O conjunto destes diferentes efeitos reduz as emissões atmosféricas de óxidos de azoto (NOx), as de dióxido de carbono (CO₂) e a pegada de carbono global dos processos de produção.

O impacto ambiental é significativo porque os óxidos de azoto poluem o ar e promovem a formação de ozono na atmosfera. O dióxido de carbono é também um dos principais gases com efeito de estufa envolvidos nas alterações climáticas.

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Injeção de oxigénio

O oxigénio pode ser injetado na alimentação do fluxo de ar de combustão de um queimador até atingir uma concentração superior a 21 %. Alternativamente, o oxigénio pode ser injetado diretamente através de uma lança colocada entre a chama do queimador de ar e a carga de material a ser fundida.

A substituição total do ar de combustão por oxigénio puro é a solução mais interessante e sustentável do ponto de vista da eficiência energética.  Esta tecnologia consegue reduzir o consumo de combustíveis fósseis em até 35 % em relação a fornos a ar recuperativos e 15 % em relação a fornos a ar regenerativos. As emissões diretas de CO₂ (Scope 1) são reduzidas na mesma proporção.

A tecnologia HeatOx da Air Liquide

Para proporcionar maior eficiência energética à utilização de oxigénio puro, a tecnologia HeatOx desenvolvida pela Air Liquide baseia-se na recuperação do calor dos fumos para pré-aquecer o oxigénio e o combustível gasoso. Esta tecnologia consegue reduzir o consumo de combustíveis fósseis em até 10 % suplementares em relação à oxicombustão sem recuperação de calor.

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Redução da pegada de carbono

A Air Liquide propõe dois modos de fornecimento de oxigénio com baixo carbono:

  • Entregue no local sob a forma líquida ECO ORIGIN™ produzido a partir de energia 100 % renovável;
  • Produção no local sob a forma gasosa, evitando as emissões de CO₂ associadas à liquefação do ar e ao transporte sob a forma líquida.

Os dois exemplos seguintes de implementação da tecnologia HeatOx com oxigénio produzido no local mostram uma diminuição da pegada de carbono da oxicombustão de 23 a 41 %, considerando as emissões directas de CO₂ (scope 1) e as emissões indirectas da produção do oxigénio (scope 3).

Exemplo de conversão de um forno a ar regenerativo:

  Energia
MWhth/tvidro
kg CO₂ emitido/tvidro
Combustão Metano Produção Oxigénio Total
100% Ar 1,17  521,00 0 521,0
100% O₂ 1,00 443,00 3,20 445,2
100% O₂
+HeatOx
0,90 399,00 2,90 401,9
(-23 %)

 

Exemplo de conversão de um forno a ar recuperativo:

  Energia
MWhth/tvidro
kg CO₂ emitido /tvidro
Combustão Metano Produção Oxigénio Total
100% Ar 1,54 682,00 0 682,00
100% O₂ 1,00 443,00 3,20 445,20
100% O₂
HeatOx
0,90 399,00 2,90 401,90
(-41 %)

 

Pressupostos :

  • CO₂ emitido a partir da combustão de gás natural (metano): 443 g CO₂/kWhth
  • Necessidade de O₂ para produzir 1 MWhth/tvidro: 200 m3/tvidro
  • Pegada de carbono do oxigénio: 16 g CO₂/m3 O₂ (produção on-site em Portugal) 

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