O calor de compressão

Um ciclo de refrigeração é definido como o processo termodinâmico em que o calor é transferido de um ambiente com uma temperatura mais baixa para um ambiente com uma temperatura mais elevada. O ciclo de refrigeração mais utilizado é o de compressão, em que as alterações do estado de um fluido, por sua vez resultantes de alterações de temperatura, pressão e volume, desempenham um papel fundamental.

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A máquina de refrigeração

Em alguns processos típicos de ar condicionado (arrefecimento), bem como em aplicações de refrigeração (utilizado pelos industriais do setor da alimentação para armazenamento e transporte de géneros alimentícios tendo a vantagem de permitir conservar alimentos em ótima qualidade durante um período mais longo), é necessário “produzir frio” com um ciclo de refrigeração. A expressão “produzir frio” é incorreta, pois, pelo segundo princípio da termodinâmica, o calor é sempre transferido de um corpo mais quente para outro mais frio.

Trata-se de um processo espontâneo que ocorre na natureza sem necessidade de qualquer atividade externa. O processo inverso, ou seja, aquele que transfere calor de “zonas de temperatura mais baixa” para “zonas de temperatura mais alta” não ocorre espontaneamente e depende do auxílio fornecido por uma máquina de refrigeração. O principal ciclo de refrigeração mais utilizado, especialmente em câmaras frigoríficas, é o CICLO DE COMPRESSÃO.

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O ciclo de refrigeração

Um ciclo de refrigeração é um ciclo termodinâmico capaz de transferir calor de um ambiente a baixa temperatura (T2) para um ambiente com uma temperatura mais elevada (T1). O ciclo térmico de um sistema de refrigeração baseia-se em alterações do estado de um fluido, mudanças devidas a alterações de temperatura, pressão e volume. Para que ocorram transições de estado, tem de haver uma transferência de energia que ocorre na forma de calor. Para operar o ciclo de refrigeração e retirar calor de um ambiente a temperatura reduzida para outro com temperatura mais elevada, é necessário aplicar um trabalho de compressão.

Componentes da máquina de refrigeração

A máquina de refrigeração é constituída por 4 sistemas abertos, que - ligados entre si - geram um sistema fechado.
Dois grupos, dentro dos quais resulta uma mudança de estado do fluido:

  1. Evaporador: funciona produzindo frio no ambiente a arrefecer; o fluido frigorígeno passa do estado líquido para o estado gasoso e absorve calor no ambiente a arrefecer.
  2. Condensador: produz calor para um meio de arrefecimento, geralmente ar ou água, liberta calor, regressando assim ao estado líquido.

Dois grupos, que forçam a manutenção das duas temperaturas diferentes T1 e T2:

  1. Compressor: aumenta a pressão, ou seja, comprime o fluido até ao estado gasoso antes de este, no condensador, passar ao estado líquido;
  2. Válvula de expansão: provoca, pelo contrário, uma diminuição da pressão que propicia a passagem do estado líquido ao estado gasoso, transição que se efetua no evaporador.

O compressor é o coração de um sistema de refrigeração. Tem a função de extrair o vapor saturado do evaporador e depois o comprimir e facilitar a sua passagem ao estado líquido, devido ao aumento de pressão que é induzido. O compressor é normalmente do tipo alternativo, consistindo num cilindro dentro do qual trabalha um pistão. Através de uma válvula de entrada, o cilindro enche-se de vapor saturado, que é comprimido pelo pistão à medida que este se desloca em direção à cabeça do cilindro; isto provoca o aumento da pressão e o superaquecimento do vapor.
Através da abertura da válvula de compressão, o vapor sai para o condensador.

Diagrama do ciclo de refrigeração

Fases do ciclo de refrigeração

O ciclo de refrigeração é normalmente representado no diagrama pressão-entalpia.                                    

No ponto A', o fluido frigorígeno está no estado líquido subarrefecido, à saída do condensador. O fluido entra na válvula de expansão e sofre uma transformação isentálpica que baixa a sua pressão e temperatura.

A' - B Expansão do fluido através da válvula.
A expansão é adiabática e isentálpica (sem troca de calor com o exterior e com entalpia constante).
No evaporador, o líquido completa a mudança de estado por evaporação e passa do estado líquido para o estado gasoso.

B - C Transformação a pressão e temperatura constantes no evaporador.
A evaporação é isotérmica e isobárica e o fluido frigorígeno absorve uma grande quantidade de calor (Q2) do meio envolvente, arrefecendo-o.

No ponto C, o fluido passa para o estado de vapor saturado.

Do ponto C ao C', o vapor é superaquecido para evaporar as eventuais gotículas de líquido que restam.
Ao sair do evaporador, o vapor é aspirado pelo compressor e comprimido, sofrendo um aumento de pressão e temperatura. A compressão requer uma determinada energia externa (trabalho Lc ), correspondente ao trabalho mecânico do compressor (calor de compressão).

C' - D Compressão adiabática (sem troca de calor com o exterior) no compressor.
Durante esta transição, verifica-se um aumento significativo da temperatura e da pressão do fluido.

No ponto D, o fluido frigorígeneo está na faixa de vapor superaquecido. O gás superaquecido e a alta pressão passa do compressor para o condensador. Aqui, por efeito do meio de arrefecimento (ar ou água), o gás começa a libertar o seu calor. Primeiro ocorre uma queda de temperatura devido à dissipação da fração de calor sensível (sem mudança de estado) na curva (D - E).

A esta fase segue-se a condensação do fluido, ou seja, a mudança de estado gasoso para líquido saturado (E - A).
O fluido é arrefecido por uma transformação isobárica.

A - A' é efetuado um subarrefecimento de modo a obter um maior efeito de refrigeração.

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